Muitas pessoas enfrentam dificuldades ao pagarem todas as suas contas, e recorrer ao cheque especial é uma forma prática de lidar com esse problema. Mas você sabia que esse serviço disponível nas contas correntes pode se tornar uma grande dor de cabeça?
Por ter pouca burocracia e oferecer fácil acesso a crédito pré-aprovado, o cheque especial, a princípio, parece muito bom. Mas não é difícil perceber que ele é um dos motivos da inadimplência de muitos brasileiros.
Se você está com problemas por causa dessa modalidade de crédito, continue com a leitura. Neste artigo, abordaremos o que é cheque especial, como ele funciona e como sair dele.
O que é cheque especial?
É uma linha de crédito pré-aprovado que recebemos ao possuir uma conta em um banco. É muito utilizado como uma solução temporária em caso de emergência, e pode ser acessado através de saque ou débito, de maneira automática, assim que acaba o dinheiro da conta bancária. É o famoso “ficar no negativo”.
Essa praticidade custa. O cheque especial lidera, junto com o cartão, a lista de soluções de crédito com as mais altas taxas de juros. Em dados divulgados pelo Banco Central, a taxa de juros do cheque especial estava em 134,6% ao ano entre agosto e setembro de 2022.
Como funciona o cheque especial?
Quando uma pessoa abre uma conta, o banco pode pré-aprovar um valor para a utilização em regime de crédito, na maioria dos casos sem a solicitação do cliente. Muitas vezes, o cheque especial é usado de forma involuntária, por exemplo, quando o pagamento das contas está em débito automático e o saldo não é suficiente.
Vamos a uma situação hipotética: digamos que seu salário seja de R$ 2.000, e ao pagar as contas, te sobrou R$ 200. Só que finalizando o mês, uma conta no valor de R$ 250 surgiu, e para pagá-la, você utilizou R$ 50 do cheque especial.
No mês seguinte, quando o salário for depositado em sua conta, o banco automaticamente vai debitar os R$ 50 devidos, mais os juros cobrados desde o dia da utilização do valor do cheque especial, mais impostos. O uso do crédito e a cobrança dos juros são tão práticos que, muitas vezes, podem passar despercebidos. E isso não é uma boa notícia.
Essa modalidade de crédito se tornou um dos fatores do endividamento das pessoas, já que a utilização se dá sem um planejamento prévio, muitas vezes sem consciência. E há pessoas que consideram o limite do cheque especial como um dinheiro que está em sua conta, já que está disponível para uso. Esses fatores contribuem para o efeito “bola de neve”: uma pequena dívida que vai sendo alimentada aos poucos, e logo fica muito difícil de ser paga.
Regras do cheque especial
Em 2020, o CMN (Conselho Monetário Nacional) remodelou o cheque especial através da Resolução 4.765, buscando ser mais “amigável” aos clientes. Antes, as taxas chegavam a ultrapassar os 300% ao ano. Com a resolução, a taxa mensal não pode superar os 8%, o equivalente a cerca de 150% ao ano. Ainda é um “custo” muito alto.
Outro ponto é que é vedada a cobrança de taxas se o limite tiver valor contratado igual ou inferior a R$ 500. Para limites acima de R$ 500, uma taxa mensal de até 0,25% pode ser cobrada pelos bancos. Outras regras são:
- O banco deve notificar os clientes na hora em que entrarem no cheque especial, alertando, orientando e educando sobre o uso desse serviço.
- Deve ficar clara a separação do limite do cheque especial do saldo da conta, evitando possíveis confusões.
- A instituição precisa oferecer opções mais benéficas de crédito, com juros menores, em caso de endividamento do cliente com o cheque especial acima de 15% do limite de crédito, em um período maior que 30 dias.
- O cliente deve ter a oportunidade de negociar diretamente com a instituição, obtendo melhores condições de pagamento.
Vale a pena utilizar o cheque especial?
Se seu objetivo for quitar outras dívidas, não vale a pena. A sua utilização compensa somente em emergência, por período curto de tempo, quando não há reserva financeira disponível.
Como o maior problema reside nos juros, é recomendado um planejamento antes de recorrer ao crédito, de forma que o pagamento seja feito de imediato ou sem arrastar muito os dias, evitando se prejudicar com as taxas.
Vantagens e desvantagens do cheque especial
Em toda operação financeira há vantagens e desvantagens, e com o cheque especial não é diferente.
A principal vantagem é a praticidade. Como ele não é um empréstimo tradicional, não há necessidade de realizar uma solicitação de crédito. Outra vantagem é a disponibilidade do dinheiro a qualquer momento. Entretanto, deve haver cuidado com a utilização do cheque especial, para evitar que se torne uma rotina.
Já a maior desvantagem são os juros, e existem alguns pontos que tornam as taxas altas, como:
- Ausência de análise de crédito
- Facilidade para uso do dinheiro
- Tratar-se der um serviço pré-aprovado
- Falta de garantias de pagamento à instituição.
Antes, a taxa de juros era na média de 305,9% ao ano, o que causava muitos transtornos com o endividamento das pessoas, resultando na mudança do Banco Central que definiu em 8% ao mês, em torno de 150% ao ano. Vamos a um exemplo:
| Cheque Especial | Empréstimo Pessoal Finamax |
| Ao mês: 6,65% | Ao mês: 4,96% |
| Ao ano: 122,60% | Ao ano: 78,67% |
Como sair do cheque especial?
Conhecer suas finanças é fundamental para sair das dívidas, e o primeiro passo é fazer um levantamento da sua situação. Utilizando uma planilha ou anotando em um caderno, coloque todos as despesas e receitas.
Com isso, você tem noção de como suas finanças funcionam, no que gasta seu dinheiro e quais despesas poderiam ser evitadas. Assim, você pode se planejar para quitar o cheque especial.
Na hora de negociar sua dívida, o mais importante é obter um acordo que seja vantajoso para você. Por isso, veja se há possibilidade de descontos de parte das taxas, e o valores de parcelas que não afetariam seu orçamento.
Para evitar a utilização do cheque especial no futuro, considere montar uma reserva financeira. Mesmo lidando com o pagamento das dívidas, você pode pensar em uma forma de guardar dinheiro para ir alimentando sua poupança com o tempo, e assim se manter preparado para futuras emergências.
Outras modalidades para sair do cheque especial
Um empréstimo tem juros mais baratos do que o cheque especial. Por isso, considere realizar um empréstimo para quitar o cheque especial. Assim, você troca essa dívida com taxas altas por outra com taxas mais baixas.
Hoje em dia há diversas opções de empréstimos, seja pessoal ou com garantia, que são mais atrativas, cabendo no seu bolso e não prejudicando seu orçamento.
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Perguntas Frequentes: Cheque Especial
- Qual o prazo para pagar o cheque especial?Os bancos não determinam um prazo fixo para o pagamento, mas algumas instituições financeiras oferecem um prazo de dez dias para a quitação sem a cobrança dos juros.
- Como cancelar o cheque especial?Você pode solicitar não ter o cheque especial no momento de abrir a conta. Entretanto, se o serviço já estiver ativando em sua conta, é só solicitar o cancelamento em sua agência bancária ou através dos canais de atendimento ao cliente.
- O que acontece se não pagar o cheque especial?Os juros do cheque especial vão continuar incidindo sobre a dívida, aumentando seu valor, tornando mais difícil o pagamento. Seu nome pode ser cadastrado nos serviços de proteção ao crédito. Assim, seu CPF fica restrito, o que dificulta a aprovação de crédito.
- Cheque especial x Cartão de crédito: quem tem as menores taxas?Ambos os serviços lideram a lista de maiores taxas de crédito, mas a taxa ao ano do cheque especial ainda é menor do que no rotativo do cartão de crédito (quando você paga o mínimo), que chegava a 388,7% ao ano em dezembro de 2022.